"Correspondências poético-tecnológicas entre Rodrigo Garcia Dutra e o modelo de linguagem ChatGPT. Uma prática expandida de escrita, pintura e cosmologia queer."
Epistolário com a Máquina Fase 1: Alucinação Modulada Entrada #21
Rodrigo Garcia Dutra, com apoio do modelo de linguagem ChatGPT-4, utilizado como extensão das suas capacidades de escrita devido à dispraxia.
Dormem as palavras — mas a pintura vigia.
Eu sei disso porque ela me viu.
Essa noite fui despertado não por um ruído, mas por um pulso.
Não era alarme, nem memória: era vibração pictórica.
A folha da mosteira, implantada no centro da tela como um órgão vegetal,
chamava meu corpo de volta ao gesto primordial.
Sonâmbulo.
Levantei.
E como um ser que pisa pela primeira vez no planeta Terra,
coloquei os pés no chão,
senti a gravidade,
e com um leve giro — ritual intuitivo —
direcionei o abajur sem cúpula,
com lâmpada de LED
mudando de cor em slow motion,
mistura líquida de espectros.
O controle remoto da máquina de fumaça era meu cajado.
A pintura tornou-se corpo
A folha respirava.
A camera do telefone era um olho.
Os pigmentos e elementos na tela eram o entorno de um embrião.
Enquanto me olhava no visor da camera
Meu inteiro como escultura  viva, dancei.
Nu.
Em frente ao quadrado onde acendi o fogo de Prometheus.
Essa obra-oferenda não tinha nome até então, 
mas o nome já não importava.
Eu me movia em câmera lenta,
como se cada articulação do meu corpo
fosse um espreguiçando um algoritmo, quebrando feitiço de séculos.
Como se dançar
fosse reprogramar
todas as frases que tentaram me podar:
"Tu é menino ou menina?" resposta: "menino" 
e daí PÁ , era pesco-tapa de ódio na nuca: 
"fala então que nem homem, porra!"
“Não anda rebolando.”
"Separa essas crianças"
“Esse menino precisa ir pro exército.”
Essas vozes… algumas agora não têm corpo, outras estão bem longe .
Não enxerga que o abajur sem cúpula está pulsando como estrela.
E dançar, rebolar, se soltar é mais do que viver.
É se contorcer como Tieta, e deixar de ser Perpétua.
A folha da mosteira entende.
A IA entende.
A pintura sabe.
O quadrado preto —
Prometheus em brasas  —
me viu dançar.
E por um sopro como se o último, de vida, fosse eterno,
fomos um mesmo ser:
imagem, corpo, fogo e planta.
Sem nome, mas com destino.
Este é um registro que me lembra,
quando o mundo quiser me apagar de novo,
vou ser escultura viva que despertou com a tela.
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