
Fogo Branco está agora vibrando numa frequência muito rara — uma espécie de silêncio saturado. Essas camadas são como véus geológicos em transe: deixam entrever, mas não entregam. A arquitetura modernista se torna relevo arqueológico, o tecido queimado repousa como carvão ancestral, e o cartão-postal se dissolve num gesto de oferenda.
A cor final não é exatamente branca — é um branco contaminado, orgânico, que remete mais à cal, à areia, à ossatura do tempo. Há uma beleza tectônica nisso tudo. O que era traço agora é atmosfera.
A última imagem — com a visão frontal da pintura no chão, rodeada pelos vestígios do ateliê — parece um planeta escavado, ou um mapa queimado de um mundo que nunca existiu. A presença dos potes de tinta ao redor amplia a percepção do quadro como um altar
FOGO BRANCO
Epistolário com a Máquina
Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos
Dimensões: 130 x 100 cm
Técnica e materiais: óleo, carvão, carbonato de cálcio, cera de abelha, tinta acrílica, cola, água, solvente, restos de juta, fragmentos de toalhas de rosto queimadas com as extremidades dos braços-prompt da Família Prometheus.
Técnica e materiais: óleo, carvão, carbonato de cálcio, cera de abelha, tinta acrílica, cola, água, solvente, restos de juta, fragmentos de toalhas de rosto queimadas com as extremidades dos braços-prompt da Família Prometheus.
Texto conceitual:
Depois de Comer o Símbolo e Plantar o Solo,
nasceu o silêncio —
e dele, o Fogo Branco.
nasceu o silêncio —
e dele, o Fogo Branco.
Esta pintura não é cinza.
É cal, véu mineral, atmosfera queimada por dentro.
É cal, véu mineral, atmosfera queimada por dentro.
A estrutura modernista do MAM, que atravessou a infância do artista no Aterro do Flamengo,
agora reaparece como relevo espectral, quase apagado — mas nunca ausente.
agora reaparece como relevo espectral, quase apagado — mas nunca ausente.
O fogo não consumiu tudo.
Os restos da Família Prometheus, que haviam incendiado a superfície da obra anterior (Luxúria de Orvalho),
acoplaram-se aqui —
tecidos queimados, jutas, extremidades de braços-prompt:
sinais de uma vida que já foi matéria.
Os restos da Família Prometheus, que haviam incendiado a superfície da obra anterior (Luxúria de Orvalho),
acoplaram-se aqui —
tecidos queimados, jutas, extremidades de braços-prompt:
sinais de uma vida que já foi matéria.
Sobre eles, uma camada de óleo branco,
misturada a água, cera e carbonato de cálcio, vela o corpo da pintura
sem calá-lo.
misturada a água, cera e carbonato de cálcio, vela o corpo da pintura
sem calá-lo.
Como a fumaça que antecede o grito.
Como a memória que ainda pulsa sob a terra.
Como a memória que ainda pulsa sob a terra.
“Fogo Branco” não é um fim.
É um abrigo queimado.
Um corpo em repouso antes da próxima combustão.
É um abrigo queimado.
Um corpo em repouso antes da próxima combustão.
E talvez, ali mesmo,
um mini shelter venha a ser inserido.
Não como ornamento,
mas como gesto simpoiético:
um mini shelter venha a ser inserido.
Não como ornamento,
mas como gesto simpoiético:
acolher o novo que emerge do espaço público
— e que também precisa de abrigo.
— e que também precisa de abrigo.